terça-feira, 16 de setembro de 2008

Gosto de ver televisão Fútil

Confesso, que vejo televisão, pelo desperdício que isso representa. Porque não procuro ser mais culto ou mais desenvolvido, depois de gastar duas ou três horas em frente ao meu ecrã de doze polegadas. Quando vejo televisão procuro perder tempo. Procuro ver um mundo de fantasia. Não me ofendo quando vejo um programa que não imita a realidade. Se procuro ver televisão, é porque quero ser entretido. Não quero um mundo real. Se é para ver como as coisas estão, basta abrir a janela.
Quero que me tragam para outro lugar. Quero que se tratem bem e que discutam temas praticamente inúteis. Que falem sobre as mulheres mais bonitas e sobre marcas de cervejas. Para mim tanto faz. Procuro que me preencham a mente, por alguma horas. E sei que estou a ser entretido, com a primeira porcaria que me aparece a frente. E na verdade, não me chateio muito. Eu já levo uma vida preenchida. Não sou um perfeito inútil. Não consumo pelo vício de consumir. Não. Faço-o, porque preciso de o fazer. Porque me canso de gastar tanto tempo a pensar em tudo.
E por uma vez, durante o meu dia vivido e preenchido, quero ser inútil. Não quero que mandem em mim, nem quero mandar em ninguém. Quero simplesmente relaxar e ver televisão. Pode parecer hipócrita, porque geralmente defendo que a televisão matou a liberdade. Mas a verdade é que cada um opta pela sua forma de descontrair. Pela sua forma de atrofiar. Pela sua forma de fugir da confusão do nosso mundo. E eu não sou excepção. Não sou exemplo para ninguém. Nem procuro que algum dia olhem para mim, em busca de inspiração. Não. Eu simplesmente ando por aqui. A vaguear. A tentar ser útil e feliz. A viver, de sorriso na cara, simples.
Portanto, quem sou eu para negar a televisão? Se também eu faço parte do grupo imenso que consume, diariamente, a televisão. Se também eu sou assim, inútil. De vez em quando, farto-me. Desligo do cabo e vou dar uma volta. Cansam-me, todos aqueles sorrisos, estampados na televisão. Como se teimassem em não deixarem de sorrissem. Como se a televisão tivesse uma doença qualquer. Em que todos devemos parecer bonitos e alegres. Entendo perfeitamente. E por favor, continuem a sorrir. Quero fugir à realidade. E a realidade é triste. Por favor, continuem a sorrir. Mas se não se importarem, vou desligar. Vou dar uma volta, por agora. Estou cansado do vosso mundo a fingir, e vou fugir. Volto para a realidade.

E por cá fico. Até ter vontade de voltar a esse mundo de ficção e entretenimento.

16.09.08

Sem comentários: