domingo, 25 de janeiro de 2009

Fecho os olhos e resta-me Ouvir

Contem-me histórias de um povo honesto e modesto. Contem-me histórias de uma cidade nas nuvens. Falem-me de gente com tradições e com cultura. Falem-me de um herói que se sacrificou pelos seus compatriotas. Quero ouvir o conto do tonto que por indecisão tudo perdeu. Quero ouvir a lenda do altruísta que tudo perdeu pois tudo deu. Historias. Preencham-me de histórias. Daquelas que são contadas antes de ir dormir. Daquelas que partilhamos, quando queremos ver o sorriso de uma criança. Contem-me histórias.
Mas não me digam que são histórias. Façam-me crer que são reais. Façam-me sonhar e pedir por mais. Façam-me adormecer com um sorriso, e com mil e uma aventuras por viver. Quero voltar a pensar. A imaginar o caminho alado em que voo com a minha montada. A mente de uma criança, sempre apta a questionar e a imaginar. Como a invejo. A minha já está oca, já se corrompeu, já envelheceu. Encho-me de indecisões e confusões. Esta é a minha vida. Um amontoado de rapidez, trabalho e silencio. Quero continuar a sonhar.
Quero continuar a criar mundos em segundos. A ver tudo o que não vêm. A dizer e a fazer o que melhor faço. A escrever e a crer que o mundo em que habito, não é aquele em que vivo. E que ao longe me aguardo uma estrela brilhante, onde nunca se envelhece. Ou que um bater de asas me traga uma boa noticia, para longe do normal. Quem sabe, apenas uma passagem e estarei longe. Noutro lugar, noutra dimensão. Noutro sentimento que não provem de um invento. Mas de uma realidade nova. Uma realidade diferente que enfrente.
Mas já ninguém conta histórias. A pressa para um novo dia. A velocidade da corrida e da alegria da mesma monotonia. Longe vai a lenda do cavaleiro fiel às suas tradições. Longe vai o espectáculo que mudou a minha maneira de ver a vida. Longe vão todas as promessas feitas e o desejo de ser diferente. As histórias morrem. Os sorrisos são indiferentes e não são sinceros. Agora tudo se rege pelo mesmo caminho. Todos caminham em fila e com destino certo. Ignoram o alto da montanha. O desafio da vida. A beleza que existe numa história por contar.
Ficam-se pela indiferença. Pela tristeza e pelo que podia ser. Resta-lhes a realidade. Terrível, impenetrável e fatídica realidade. Sem novidade, saudade ou qualquer verdade.

25.01.09

domingo, 11 de janeiro de 2009

Indiferente, Despreocupado

Não me quero chatear. Nem sequer preocupar. A verdade é que quero relaxar. Respirar. E perguntar: o que se passa? Não estou com medo. Não porque sou corajoso, mas apenas porque não preciso de recear o futuro. As coisas têm uma maneira de se arranjarem. Ao longo da minha vida, por várias alturas me levantei e descobri o caminho mais certo a seguir. Não acredito que as coisas se resolvam porque o tempo passa. O tempo passa, é inevitável. Mas o tempo não cura nada. O tempo não te permite ser mais livre, independente e feliz. E por falar nisso, deixo tempo passar. Ponho as mãos na consciência e ajo. O tempo é me indiferente. Eu sou o dono do meu destino. Das minhas acções. Dos meus desejos e vontades.
Não estou obcecado por nada. Não estou preocupado com nada, neste momento. Chamem-me insensível, pouco consciente e um tolo citadino. Mas a verdade é que não me vou preocupar com clichés da sociedade. Comover com imagens tocantes. E contribuir com um milésimo da minha riqueza. Não me vou justificar. Pratico o bem à minha maneira, obrigado. Sou como sou e não me chateio. Não me chateio comigo, pois sou competente e capaz, naquilo que tenho de ser. Chateio-me com os outros, pois não representam um décimo daquilo que são capazes; e nunca serão tudo aquilo que poderiam ser. Entristece-me, pois sinto-me vazio. Incompreendido. Insistente. Idiota. Ridículo e só.
Não penso com um enorme sim à minha frente. Não faço tudo como se hoje fosse o meu último dia vivo. Não. Mas sou tudo aquilo que quero ser. Tudo. Gostava apenas, que aqueles que me rodeiam, possam acompanhar o meu passo. E com isto, não digo que sou o exemplo perfeito. O homem mais livre. O indivíduo libertino da classe média, do novo milénio em que vivo. Não. Apenas sou eu próprio. E estou feliz assim. Que remédio, que solução, que mais pura desilusão. Que hei-de fazer? Que confiem em mim. Que oiçam o que digo. Que me sigam, pois navego por bons mares. Pois sou o comandante do meu corpo e alma. Dono do meu ser e vontade. Não minto ou sinto que vou por lugares traiçoeiros. Apenas quero ser ouvido. Escutado. Entendido e interpretado. Interpretem-me. Leiam o que escrevo e divulguem quem sou. Quero ser ouvido, apreendido e estudado.
Pode ser me oiçam e façam como eu.

11.01.09