Dêem-me a eternidade. Dêem-me tempo. Dêem-me um sorriso contagiante. O que me poderem dar, que dêem. Não vos prometo que serei um herói ou um vilão. Não prometo nada a ninguém. Estou farto de promessas por cumprir. Só quero subir alto e apagar todos os monstros voadores que me atormentam. Não quero continuar assim, imóvel. Eu vou reagir. Dêem-me algo. Algo real e verdadeiro. Não quero mais mentiras electrónicas e quadros em demasia. Quero a realidade. Quero algo útil. Quero a sinceridade. Quero tudo aquilo a que tenho direito. Falta-me tempo para ser tudo aquilo que podia ser. Basta-me ocupar a minha vida com tudo aquilo que ainda posso ser.
Gesticulo a sinceridade e a honestidade em mímica. Ninguém me entende. Ninguém me vê. Ninguém consegue perceber o desenho que coloco neste cartaz branco. A minha equipa vai perder. Desenho um mundo belo mas ninguém o vê para além de mim. Perdemos. É tão mau perder. É tão desgastante e cansativo. Como se nos tirassem o chão. Como se nos arrancassem a esperança e o prazer. Não gosto de perder. Não vou perder. Mas vou, a partir de agora, escolher as minhas batalhas. Ignoro então, todos os desafios inúteis e fúteis que se colocam a minha frente. Ignoro toda a gente que se acha humana e pede por ajuda. Lanço um ar despreocupado. Não tenho nada haver com os teus problemas. Franzo o sobrolho e passo ao lado. Esta não é a minha batalha. Não vou perder tempo, desculpa. Escolho os meus combates agora. Tudo aquilo que é desnecessário e que não me diz respeito, passa-me ao lado. Mas todo este desprezo ataca-me em demasia. Sinto-me diferente. Insensível ao mundo. Inumano. Sem alma. Não. Não posso apenas combater a minha guerra. Tenho que lutar na guerra de outros. Tenho que ser humano. Tenho que ajudar e ser ajudado. Eu não sou uma ilha.
Levanto-me, mais uma vez. (Quantas vezes é que já me levantei neste meu percurso literário?) Dedico o meu tempo a ajudar quem posso. Não sou indiferente ao mundo. É verdade que só tenho uma vida. E que seria tolo da minha parte desperdiça-la, preocupado com os outros. Mas preocupo-me, mesmo sem querer. Não consigo deixar de lado esta sensação de bondade que invade a minha alma. Será que ajudo o próximo, pelo gosto de ajudar ou pelo sentimento belo do altruísmo? Talvez o faça pelo sentimento de agradecimento e recompensa. Talvez não seja uma boa pessoa. Talvez só ajude quem precisa, porque gosto que me agradeçam. Sim, sabe sempre bem quando me agradecem. Quando sorriem e se mostram para sempre endividados. Que sensação tão má, sentir-me assim! Que estado de espírito tão malcriado e insensível. Sou animal, sou repugnante, sou humano. Que se lixe, sou eu mesmo.
Sinto uma leve vibração. Sinto as palavras a escorrerem da minha mente. Como mel numa superfície inclinada. Lentamente. Como se não houvesse pressa. Ninguém me vai parar. Deixem-me andar. Coloco-me no meio da multidão. Sou invisível ao mundo. Sou indiferente. Ninguém nota em mim. As palavras ainda escorrem da minha mente. Será que sou assim tão inspirado? No fundo, não faço nada. Limito-me a traduzir tudo aquilo que é dito na minha mente. E escrevo. Ponho em palavras tudo aquilo que a minha mente conta e relata. Cada vez mais, acredito que estou louco. Se escrevo tudo aquilo que a minha mente deixar passar, então estou certamente maluco. Leio o que escrevo. É tudo tão perdido e difuso. E fui eu que escrevi tudo isto! Serão traços de loucura, que invadem a minha simples consciência? Terei eu sido apanhado pela doença contagiante que ataca quem nada tem a perder? Também eu gostava de ter respostas da minha consciência. Tenho tantas perguntas... Gostava de ser ouvido por alguém que só quer apenas o meu bem. Mesmo que esse alguém não perceba o que é a loucura, o amor e a liberdade.
Mesmo assim, gostava que alguém me ouvisse. Alguém humano. Alguém real.
12.10.08
domingo, 12 de outubro de 2008
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